De acordo com os Autores, este livro é resultado das discussões promovidas durante o X Simpósio do Programa de Pós-graduação em Psicanálise da UERJ, realizado em outubro de 2013. "Na etapa da reprodução do capitalismo em que nos encontramos, constata-se a ampliação dos espaços em que vigora a forma mercadoria, destacando-se o campo designado por saúde pública. Sob a égide da eficácia e da avaliação, o Estado busca progressivamente interferir na orientação clínica das serviços, possibilitando ganho em escala para determinados tratamentos e métodos. Preconiza-se, assim, a substituição da política - a ética da polis para o cidadão grego, palavra que se vem insistentemente tentando tornar infame - pelo ideário asséptico da gestão. O problema para a psicanálise é que o sujeito de que ela parte, que é efeito do significante, não é o sujeito puro, universalizável, mas aquele em relação com um objeto que impõe-se o um a um. Ao invés de ser posta à prova pela saúde e suas políticas, que hoje se apresentam nos moldes de uma suposta maior rentabilidade e sideradas pelo fascínio do para todos, talvez seja o caso, então, da psicanálise ter que pô-las à prova. Sem que isso pretenda a uma forma outra de padronização do discurso, trata-se antes de ter o que dizer sobre o que se passa na polis, tal qual Freud e Lacan, que sempre o fizeram em ditos e escritos que não deixam de ser analíticos". (m3/27julho2015).