A presença de uma colônia alemã, nos idos de 1920, na região de Terenos, no então Estado de Mato Grosso, abre a história da nossa cultura para uma nova perspectiva. Estação Terenos: educação e presença alemã no Sul de Mato Grosso dá ao leitor a oportunidade de confrontar dois discursos: o da história oficial e o da verdade individual. A autora se vale, além da documentação pesquisada em arquivos nacionais e estrangeiros, de depoimentos de descendentes diretos das primeiras famílias residentes na Colônia Agrícola de Terenos (1920-1934). Com estes discursos constrói uma história por acrescentamentos, já que ao recordar para contar, o relator se torna também um narrador e, ao dado empírico, são somadas suas impressões sobre o que "ouviu contar, cantar" ou, ainda, o que preferiu "esquecer".Mas uma pergunta perpassa todo o texto: por que imigrar? E mesmo sem uma resposta pronta, outra se segue: por que o sul de Mato Grosso e não as colônias mais desenvolvidas do sul do país? As possíveis causas estão na base de todo o livro, como também o papel fundamental da escola que não se limitou às crianças e jovens alemães, mas se estendeu aos brasileiros, vizinhos da colônia. Nesta história fica evidente que a manutenção dos signos da cultura de origem é fundamental para a sedimentação do processo migratório e que a escola, ao lado da família, é o espaço de troca desses signos, pois permite a reflexão sobre as práticas do passado histórico e sua permanência, ainda que sob a forma da afetividade.O trabalho realizado por Mariza Santos Miranda é de inegável importância para o que já se convencionou chamar "mosaico cultural", onde cada peça possui dimensões singulares e, portanto, distintas das outras peças. Essa multiplicidade é o que sustenta a história das identidades.Maria Adélia MenegazzoDra. em Teoria Literária e Literatura Comparada,Profa. da UFMS.