Antígona, cuja tradução é agora apresentada ao público brasileiro pela Editora UNB, é um dos textos de Anouilh mais aclamados pela crítica e, seguramente, um dos mais belos do conjunto de sua vasta obra. Trata-se de uma peça que, ao retomar o clássico de Sófocles, revela a maturidade e a habilidade teatral do escritor que age entre o respeito à história original da era clássica e a necessidade de sua atualização num mundo moderno que, a despeito do passar dos séculos e milênios, permanece violento, contraditório e trágico. Ela foi publicada e encenada pela primeira vez em 1944, numa Paris marcada pela ocupação nazista. Ao lado de As moscas de Sartre, igualmente considerada denunciadora do contexto histórico da Segunda Guerra Mundial, esta peça é ao mesmo tempo uma reescritura consagrada do original, no nível da historia e dos contextos histórico e literário, e um libelo contra a opressão e as razões de Estado, um ato estético a favor da liberdade dos indivíduos e das nações de qualquer tempo.