Em França, como em Portugal, gostamos de crianças: gastam--se fortunas na sua concepção, tratamento, vestuário e educação. Facilmente nos deixamos maravilhar pelo bonito bebé louro nos braços de uma elegante modelo - argumento publicitário irresistível -, mas desviamos o olhar do garoto bochechudo carregado por uma mãe exausta. Com três meses de idade apenas, entregamo-los aos cuidados de desconhecidos; os passeios em carrinho assemelham-se, com frequência, a um verdadeiro combate cujo ritmo e stress nenhum adulto suportaria. A autora constata o fosso existente entre o desejo de ter filhos, as necessidades demográficas e os obstáculos que nos empenhamos em multiplicar antes do nascimento de uma criança: será que o bebé é bonito? Será que teremos meios para o educar? Qual a melhor data para o nascimento? Este livro constitui um vigoroso libelo acusatório contra o lugar que a nossa sociedade reserva aos bebés, simultaneamente desejados e indesejados, e uma exortação à tomada de consciência por parte de todos os pais, presentes e futuros. CAROL MANN é historiadora e autora de Histoire sociale des bébés à travers la layette.