Como incorporar os estudos teóricos da perspectiva histórico-cultural do desenvolvimento humano e articulá-los metodologicamente, convidando o leitor para um novo olhar sobre a inserção cultural dos deficientes mentais? Em Práticas pedagógicas na educação especial: a capacidade de significar o mundo e a inserção cultural do deficiente mental, a autora descreve e analisa os caminhos da constituição do sujeito simbólico por meio da intervenção pedagógica, organizada no sentido de empurrar a barra que separa o normal/patológico. O estudo envolveu a participação direta das professoras, as transformações, os discursos, o olhar, as estratégias, sempre alteradas e reorientadas pelas ações, pelos olhares, pela participação, pelo discurso do outro - a jovem Bianca. O estudo da trajetória dessa jovem, dos 17 aos 20 anos de idade, mostra as alterações significativas no desenvolvimento das funções superiores. A tônica é mostrar os fatos, interpretando-os. É conseguir transformações e explicá-las. É conseguir apontar para a possibilidade de uma maior compreensão de que alguns aspectos do desenvolvimento - que do ponto de vista neurológico anunciam deficiência mental e limitações - podem ser superados. As possibilidades de produção e interpretação de signos parecem não ter limites. O livro mostra que a limitação está somente nos recursos disponíveis e nos conhecimentos, tão incipientes ainda.