Na trilha do ouro, na antiga Ouro Preto, braços negros perfuravam minas. Não se contam quantos, não se sabe quem eram. Felizmente a oralidade cuidou de trazer até nós detalhes da vida dura e da luta dos escravizados, que nunca tiveram suas biografias escritas. É lindo imaginar os cabelos crespos recheados de ouro. Assim como dá um nó na garganta pensar nas injustiças cometidas. Mas é reconfortante se sentir acolhido, no calor do fogão a lenha da avó que cozinha, conta e relembra a riqueza e a beleza do povo negro que produziu os afortunados com seu suor e sofrimento. Honorina abre o espaço da ancestralidade. Livre de amarras e correntes, a luz da liberdade atravessa séculos e traz às crianças de agora toda a nobreza das histórias de nossos antepassados.