Em 'Cidadania cultural - O direito à cultura', a filósofa Marilena Chaui trata de questões centrais do debate político e intelectual da atualidade. Retomando as discussões sobre o nacional e o popular na cultura e apresentando um balanço de sua atuação na Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo no início dos anos 1990, Chaui interliga a questão do direito à cultura e à memória, democracia e socialismo, propondo um olhar instigante e revelador sobre a cultura e suas condições de produção e difusão, sempre a partir de um ponto de vista de esquerda. No livro, Chaui critica três tipos de visão de cultura - aquelas que a concebem como saber de especialistas, como o campo das belas-artes, e como instrumento de agitação política. Nos três casos, a cultura ora é vista como um domínio de uma parte da sociedade que sabe sobre aquela que não sabe, ou seja, a parte que sabe manda, e a que não sabe, obedece; ora é vista como meio de lazer e diversão, ou seja, é entretenimento oferecido por pessoas talentosas. E, por fim, a cultura também é vista como uma reunião dos dois pontos de vista anteriores, mediante a produção de 'mensagens' para atrair e persuadir a consciência da massa. A partir desses pressupostos, Chaui conclui que em lugar de tomar a cultura como uma das chaves da prática social, deixa-se de lado a dimensão crítica e reflexiva do pensamento e das artes e simplesmente adere-se à concepção instrumental da cultura, própria da sociedade capitalista.