Começando pelo desafio de um prefácio interdisciplinar, a proposta de reunir poéticas e políticas pode se iniciar pelo comentário de uma voz que, ao tratar da produção intelectual latino-americana constata sua ingenuidade em diferentes disciplinas (história, sociologia, literatura etc.). Explicando a guinada à direita por parte da intelectualidade brasileira, e, mais especificamente, da Universidade de São Paulo, berço de formação da maioria dos docentes das demais universidades brasileiras, assinala como este pensamento teria afetado, significativamente, os rumos das pesquisas no Brasil ao final do século XX, mas em particular a de um dos mais destacados sociólogos brasileiros, Octavio Ianni. Menciono a contribuição de Nildo Ouriques que aborda como, por questões históricas, muitos dos pesquisadores latino-americanos em diferentes áreas das ciências humanas resistem ao uso de categorias como a de colonialismo. Além disso, o docente e pesquisador fundador do IELA/UFSC destaca o papel da Bolívia e do Equador na linha de uma crítica consistente ao modelo intelectual veiculado nos demais países latino-americanos. Apresentando suas ideias com veemência, tanto como orador que é, como pelo capítulo do livro, Nildo aborda a dimensão política que, entre outros aportes, destaca o conceito de blanquitud, formulado pelo filósofo Bolívar Echeverría.