A imaginação criadora é apresentada, por vezes, como um poder inexplicável. A psicologia poderá fornecer uma explicação racional deste aspecto fundamental? O estudo diferenciado dos sonhos, dos mitos, da composição pictórica ou poética, tenta descobrir as estruturas que lhe são comuns; o imaginário surge como o estabelecimento de correspondências entre domínios distintos, como a descoberta de uma analogia a partir da identificação de um sujeito com o outro eu, graças a um processo de projecção. Conceitos que foram propostos pela psicanálise, mas o estudo da função do imaginário, assim como a análise das suas primeiras formas nas ficções da criança, gera perspectivas distintas das de Freud. A Construção do Imaginário surge, assim, fundamentalmente na constituição de um melhor conhecimento do imaginário que, nesta época, é um tema não só candente como absolutamente indispensável para a construção do futuro. PHILIPPE MALRIEU, agregado de Filosofia e professor de Psicologia na Faculdade de Letras e Ciências Humanas de Toulouse, é também um dos directores do Instituto de Psicologia da mesma cidade. Estudou, particularmente, a construção das motivações dos comportamentos de adaptação da criança, nos seus primeiros anos. Ocupa-se, igualmente, com pesquisas de Psicopedagogia, consagradas, fundamentalmente, aos factores de sucesso e insucesso escolares, assim como à génese da linguagem nas suas relações com a personalidade das crianças.