Gilberto Mendonça Teles, nascido em Goiás (1931), é um cidadão do mundo. Como professor, já viveu e lecionou em universidades do Uruguai, França, Portugal, Estados Unidos. Como poeta jamais se desvinculou da terra natal, presença persistente em todos os momentos de sua obra ("Só te vejo, Goiás, quando me afasto"), espécie de reino mágico assinalado por "uma extinta pureza drummondiana". Com uma obra poética extensa (a que se junta uma intensa atividade como ensaísta), Teles estreou em livro em 1955, num momento em que a última geração literária surgida na literatura brasileira, a chamada geração de 1945, começava a perder o ardor inicial, lançando-se em busca de novos caminhos espirituais. O poeta não se identifica com o grupo e segue os seus próprios caminhos: "Sou um poeta só, sem geração,/ que chegou tarde à gare modernista / e entrou num trem qualquer, na contramão,/ e vai seguindo sem sair da pista". Em sua pista particular, fiel a si mesmo, na contramão das modas efêmeras, um tanto desconfiado do experimentalismo das vanguardas, a criação poética está sempre associada à atividade profissional. "O crítico literário, o professor nunca se separam do artista", mestre em conciliar a sua poesia com "os temas e motivos poéticos decorrentes do tumulto da vida e do mundo", como observa Luiz Busatto no prefácio Melhores Poemas Gilberto Mendonça Teles. Assim, a evolução do poeta corre em paralelo à sua condição de testemunha de seu tempo, nem tanto pela inclusão de fatos contemporâneos em sua obra, como registro ou material de reflexão, mas por aquela misteriosa sintonia com o universo espiritual da época. Mas há também a preocupação com os aspectos técnicos e artesanais de sua arte, fazendo "da criação poética o leitmotiv de toda a sua obra", definida por Luiz Busatto como uma permanente "trepidação diante da vida".