Para desvendar as histórias desse território escondido no fundo da baía e da memória, como mesmo descreve Bojunga, os autores contaram com a ajuda daqueles que em algum momento, entre os séculos XVI e XXI, se encantaram com a paisagem bucólica da ilha. Entre eles, André Thevet, frade franciscano e cosmógrafo francês que a descobriu e lhe deu o nome indígena, que permanece. Outros, como D.João VI, que após creditar a cura de um ferimento às águas milagrosas do lugar, rebatizou-a de Ilha dos Amores, fazendo com que se tornasse praticamente a capital do Reino, onde por inúmeras vezes se hospedou. Joaquim Manoel de Macedo também não resistiu e a fez cenário para um de seus mais famosos romances, A Moreninha. Muitos artistas brasileiros e alguns estrangeiros visitaram ou moraram na ilha. Famílias ricas como Darke de Mattos, os Guinle e a de Augusto Frederico Schmidt tiveram casas de veraneio. Não menos curiosas e divertidas são as histórias de pessoas comuns: uma tia, alguns visitantes e moradores anônimos que fizeram questão de declarar seu amor por Paquetá. Isolada das grandes transformações sofridas pela cidade do Rio de Janeiro e longe de seu agitado cotidiano, Paquetá manteve-se tranqüila. Ao contrário do que aconteceu no continente, onde várias construções de importância histórica e cultural foram demolidas pelo progresso, a ilha é praticamente toda tombada. Olhando em frente, vemos a casa onde morou José Bonifácio durante os anos de exílio, virando uma esquina, a Escola Pedro Bruno, em estilo neo-clássico e o cemitério de passarinhos, projetado também pelo artista. Mais uns passos, e lá está a Casa das Artes, em estilo Gaudí e o Solar Del Rey, residência temporária de D. João VI.