A idade da pedra de São Paulo na velocidade do fim do mundo. O vício do crack, e tudo o que o cerca, nunca havia sido retratado como nesse Dinâmica da evaporação de corpos sólidos, de Alexandre Boide. Como ex-adicto, não em crack, mas em cocaína, conhecedor da etiqueta e das regras sociais que regulam a vida entre noias, me vi muitas vezes tragado pelas páginas que narram o ciclo sem fim do descolar-e-usar, da brisa que a dinâmica da evaporação daqueles pequenos corpos sólidos oferece pra quem se envolve na esparrela do vício em algum tipo de droga pesada. Da forma como o autor vai delineando a vida de seus personagens, trata-se de um verdadeiro romance de (de)formação a vacuidade e o despropósito de uma geração de jovens de classe média que simplesmente se entregam a um ritual que os apresenta a um eu maiúsculo que não parecia ser possível na monotonia da vidinha besta e regrada de um grande centro urbano. A gente achava que não ia morrer nunca. Ou então estava a fim de morrer(...)