O escritor uruguaio ? que vive ainda hoje em Montevidéu ? situa este romance no seu país de origem, mas numa época diferente, na qual grande parte da América Latina se encaminhava para o controle de governos militares. Gracias por el fuego é um livro que fala sobre frustrações ? coletivas e pessoais. As primeiras se referem às desilusões de uma geração incoformada com a crise econômica e social que assolava o país. Já as pessoais envolvem três gerações da família Budiño que, a partir de uma profunda falta de diálogo, refletem uma impotência coletiva: Edmundo, cínico magnata, dono de um jornal; Ramón, um de seus filhos ? que dirige uma agência de turismo montada pelo pai ?; e Gustavo, o neto. A relação conflituosa vivida entre Edmundo e Ramón começa quando o segundo descobre que o senhor Budiño não era o homem de caráter perfeito que todos imaginavam. Foi então que, de pai admirado, Edmundo se torna apenas o ?Velho? para Ramón. Ele, por sua vez, mantém uma apática relação com o filho, Gustavo, e um casamento rotineiro com Susana. A vida profissional também não o atrai. O trabalho na agência de turismo é um mero formalismo. Frente a tantas decepções, numa tentativa desesperada de se libertar, planeja a morte do pai como única solução possível. Mas, assim como no restante de sua vida, não é bem sucedido e fracassa, tal como o país que se encaminha para um futuro incerto.