A produção de imagens representativas do nacional pelo viés da literatura e os possíveis diálogos entre o pictórico e o literário são os fios condutores das nossas reflexões. A partir do que percebemos como uma poética da restauração na obra de José de Alencar, pretendemos analisar a fundação, via literatura, de um olhar que inverte o sentido do terra à vista e inaugura uma nova perspectiva, a do mar à vista, em um processo pós-colonial de modulações de identidades. Tal perspectiva fundamenta-se na dialética entre a escrita e o pensamento crítico presentes na obra alencarina, em um jogo de claro-escuro que apreendemos como a construção de metáforas relativas ao universo da pintura e que servem como pontes para o duplo movimento de questionamento e de construção da escritura romântica, assim como para a investigação das relações entre os espaços da História e da literatura, em seus possíveis limites e intersecções. As conexões entre os processos de reorganização da memória, a tessitura de imagens e as experiências literárias na ficção romântica brasileira no século XIX brasileiro, a partir do artesanato literário de José de Alencar, apresentam-se aqui como elementos para um exercício de reflexão crítica frente ao universo que merece ser (re) visitado.