O Padre Vieira foi talvez o maior orador luso-brasileiro de todos os tempos, teve uma trajetória invejável para um homem do século XVII. Nasceu em Lisboa no ano de 1608 e morreu em Salvador no ano de 1697, deixando uma vasta obra intelectual que somente recentemente vem sendo conhecida na sua totalidade. Trata-se de um indivíduo complexo, que permite múltiplas interpretações, um homem da corte, um político, um teólogo, um jesuíta, um cristão fiel ao ideário católico, um herói que lutou pela restauração do reino português. Na colônia, destacou-se como missionário jesuíta no trabalho de expansão do catolicismo. Na corte, foi conselheiro do Rei D. João IV, propôs medidas que, no seu modo de ver, concorreriam para a grandeza do reino de Portugal. Vieira defendeu uma maior tolerância em relação aos judeus por entender que estes iriam incrementar o tesouro real, ideia que se chocava com a forte identidade católica dos portugueses. Como teólogo e profeta, defendeu a ideia do Quinto Império (que seria liderado pelos portugueses) e seus estudos teológicos sobre as profecias o levariam a defender uma ciência do futuro, que por meio de procedimentos e métodos adequados seria capaz de fazer previsões com a mesma exatidão das ciências naturais. Por defender ideias polêmicas, Vieira acabou sendo condenado e encarcerado pela Inquisição portuguesa, assunto que será analisado neste livro.