Em Justine, o mais importante romance de Sade, a virtuosa heroína é violada, molestada, aviltada, presa por falsas acusações e, por fim, maltratada por toda a sociedade. Sade é um lutador rude e arranca brutalmente à maldade humana a sua máscara de hipocrisia. Quando, em Justine, Roland graceja: "Sirvo-me da mulher como de um bacio na cama", Sade põe a nu o inconsciente de alguns indivíduos da vida real. Foi o único autor que conseguiu criar o zero absoluto do amor, o que lhe confere uma posição insubstituível na filosofia do erotismo. Depois de o ler, forçoso será cada qual recompor para si, com maior clarividência, os valores íntimos por ele radicalmente destruídos.