Esta obra descortina ao leitor, de modo poético, o incógnito horizonte do Iraque e oferece mais do que uma mera denúncia política, em meio a tantas outras: leva-nos a um mergulho profundo na direção da redescoberta de nossas próprias origens, desvendando o misterioso panorama da antiga cultura mesopotâmica - o berço da civilização - onde uma vez se ergueu a Torre de Babel. Traz à tona, também, o esplendor da Bagdá medieval e dos califas das Mil e uma noites, enfocando, a partir do século XIX, a luta dos povos árabes pela emancipação colonial, enquanto conduz essa trajetória até os dias presentes. Numa narrativa original, dotada de sutil olhar feminino mas sem dúvida também polêmica, a sucessão dos fatos se soma à reinterpretação histórica, ao mesmo tempo rica em detalhes e abrangente de visão. Ao retraçar os caminhos do Oriente Médio e ao ressaltar o valor de suas contribuições para a humanidade, Yasmin Anukit mostra como o Iraque e o Islã têm sido estigmatizados por clichês e preconceitos redutivos. Da Babilônia de Nabucodonosor à moderna Bagdá, o país se viu relegado ao domínio das ‘sombras do mal’. Tal distorção se deve tanto ao discurso imperialista do capitalismo neoliberal quanto à ótica superior etnocêntrica de base judaico-protestante.