“A morte da mariposa” é um dos ensaios clássicos de Virginia Woolf. Publicado postumamente, foi escrito no fim de sua vida, em meio à Segunda Guerra Mundial. No entanto, nada no ensaio faz referência explícita à guerra. Não há menção aos campos de extermínio que eram construídos não muito longe de onde morre a mariposa observada por Virginia. Mas, sendo Virginia quem é, sabemos que é isso o que corre por baixo das suas palavras e que vem à superfície em uma ou outra frase que nos deixa atônitos. Os esforços da mariposa para sustentar a vida são como os esforços dos seres humanos: esplêndidos, dignos, mas também patéticos, dignos de pena. A mesma sina que se a vizinha para a mariposinha cor de feno “poderia, se quisesse, submergir uma cidade inteira, e não apenas uma cidade, mas massas de seres humanos.” Talvez, então, o que ainda comova nesse ensaio breve seja exatamente a resistência.