Santo forte, de 1999, é considerado pelos autores deste livro um marco do movimento cada vez mais intimista do cinema de Eduardo Coutinho. Para Ruben Caixeta de Queiroz, o filme conta a ‘verdade’ que não está inscrita em textos ou instituições religiosas, mas no interior e na história de vida particular de cada pessoa que vive a religião. Além de atrelar a experiência cinematográfica de Coutinho ao risco do real, de Jean-Louis Comolli, Queiroz discute padrões de enunciação e o método cinematográfico coutiniano, trazendo ainda à tona diferenciações entre documentário e jornalismo, uma das grandes demandas do documentarista. Parceira de Coutinho em diversos trabalhos, Beth Formaggini compartilha com o leitor impressões, conversas e gravações travadas ao longo do tempo. A autora enfatiza procedimentos cinematográficos que evidenciam a estética do diretor, a partir de Santo forte, como, por exemplo, o princípio de não cortar, não interromper, não mover a câmera, e o critério segundo o qual o entrevistado preenche o vazio do entrevistador. Com isso, compreendemos que, somente a partir das crenças dos personagens, Eduardo Coutinho passava a crer em seu filme e em si próprio.