O livro de Valci Vieira dos Santos, Tragicidade nas Poéticas de Cesário Verde e Cruz e Sousa, alcança plenamente o seu principal objetivo: contribuir para a expansão da leitura crítica de dois dos mais importantes poetas da literatura de língua portuguesa da segunda metade do século XIX. Numa proposta inteligente, há, a meu ver, na conversação entre um poeta simbolista e outro realista, ambos bem situados ao longo do ensaio, um lance de interpretação altamente positivo no seu efeito comparativo, na sua ficcionalização. Ou seja: o que ao mesmo tempo aproxima Cesário Verde e Cruz e Sousa é a condição humana de ser no mundo e a condição poética de ser do mundo, quer dizer, como homens, ambos se autoexpõem pela palavra, como poetas optam pela condição moderna de ser do mundo, por meio de um discurso. José Fernandes da Silva