Os 25 contos que enfeixam essa obra singular, povoada de mitologias e mistérios, sugerem-nos leitura suprarreal dos conflitos, perplexidades e dilemas perenes do homem nessa época tão afetada por dissonâncias e ambiguidades, quando se percebe na ebulição interior de seus protagonistas uma relação de inconformismo e desajuste com o tempo e a própria condição individual ou coletiva. O ambiente surreal aqui transcriado, além de revelar o parentesco de Leonardo Garet com os grandes representantes do realismo fantástico, é também um recurso formal de que se utiliza o autor para denunciar que, muitas vezes, o inconsciente e o mundo exterior são mais pungentes e intangíveis que a própria ficção.