Problematiza-se neste trabalho o movimento de afirmação de uma nova cultura escolar em Belo Horizonte nas duas primeiras décadas do século XX, com a reforma do ensino primário mineiro de 1906, que instituiu os Grupos Escolares. Com a pretensão de realizar uma "verdadeira revolução de costumes" nas crianças, baseava-se na tríade spenceriana educação moral, intelectual e física: mais que instruir, era preciso educar. Educação que se traduziu também como cultivo dos corpos, para o qual a "Gymnastica" foi prática mobilizada, orientada sob o primado regulador da correção, endireitamento e constituição dos corpos das crianças, especialmente as pobres, tidos como disformes e desalinhados. A ginástica como prática ortopédica foi expressão reveladora do investimento de uma época sobre o corpo das crianças, no âmbito da escola.