A Filosofia transcendental é a idéia de uma ciência para a qual a crítica da razão pura fará o plano total, de um modo arquitetônico, ou seja, por princípios e com perfeição segura e garantia dos princípios da razão pura. A crítica não pode se denominar Filosofia transcendental, pois não contém uma análise pormenorizada dos nossos conhecimentos a priori para ser um sistema completo. Na verdade, nossa Crítica, com certeza, precisa colocar diante dos olhos também uma total enumeração dos conceitos primitivos que perfazem o mencionado conhecimento puro. Mas é concedido à Crítica abster-se da análise minuciosa desses conceitos e também da completa recensão de seus derivados, e isso por duas razões: a) esse desdobramento não seria conveniente por não apresentar a dificuldade encontrada na síntese, em vista da qual propriamente se tem Crítica completa; b) contraria a unidade do plano ocupar-se com a responsabilidade da completude de tal análise e derivação, da qual se poderia estar dispensado no que tange ao nosso objetivo. Essa completude do desdobramento e da derivação dos conceitos a priori a serem dados no futuro é, contudo, fácil de totalizar, contanto que esses conceitos estejam como princípios detalhados da síntese e que nada falte a respeito dessa finalidade essencial. Portanto, à crítica da razão pura pertence tudo o que constitui a Filosofia transcendental, e ela é a idéia total da Filosofia transcendental, porém não essa própria ciência, pois a crítica avança na análise somente o requerido para o julgamento completo do conhecimento sintético a priori.