A vitória da Syriza na Grécia e do Barcelona em Comum, e a ascensão do Podemos à força eleitoral com chances de vencer na Espanha, inflamam o desejo de mudança daqueles que vêm lutando por democracia real. Da Praça Tahrir ao movimento do 15-M, do Occupy Wall Street a Hong Kong, de Gezi Park às jornadas de junho no Brasil, na China, em Israel, na Ucrânia; uma geração inteira de ativistas se debate contra as formas de desmobilização, criminalização e cooptação dos novos movimentos que ocuparam praças, ruas e casas legislativas. Terá o ciclo atingido o momento de cristalização em que formas institucionais começam a ganhar corpo? Será essa própria ideia de uma transmissão da força das ruas nas eleições, da multidão ao governo, uma traição da essência dos novos movimentos? Serão Syriza e Podemos realmente o próximo passo ou, mais modestamente, apenas uma articulação insider ao poder ou, quiçá, uma simples captura dos devires revolucionários?