Algo de estranho acontece quando um país que se autoproclama democrático impede que mais de um milhão de pessoas cheguem às urnas em suas eleições. Esse é o cenário brasileiro em 2018, quando o hiperencarceramento se conjuga a uma norma constitucional que determina a suspensão dos direitos políticos de todos aqueles condenados pela justiça criminal. O presente livro explica as razões pelas quais, no Brasil, tais pessoas não podem votar, mas também destaca as consequências dessa medida: o afastamento do espaço público de um número gigantesco de indivíduos com preferências políticas próprias, impedidos de opinar nas decisões que afetarão suas vidas e de suas famílias; o desinteresse das classes políticas por um grupo que não vota; a manutenção de um sistema que nega os direitos mais básicos dos encarcerados, impondo-lhes uma morte social.