"Nem lá nem cá foi feito de memória. Não que a autora já se lembrasse do que escreveria, pois ela escreveria para se lembrar; antes da escrita, não saberia narrar. "Feito de memória", no mesmo sentido em que o vidro é feito de areia. "Escrever é conceber", afirma Teitelbaum nas primeiras páginas do capítulo "Escrita cega". E o que se concebe são imagens de si, de outrem, da vida sentimental e erótica, da tensão entre completude e insuficiência, aptidão e inaptidão, ausência e presença. Persegue com a escrita de si o que está distante de si, escondido nas palavras que teceu - "sem saber o que digo". Escrever "sem saber", mas "acertando": o leitor também pode atravessar este livro como preferir, não somente em linha reta, mas em voltas e revoltas, perambulações por temas que, apesar de sua variedade, confluem todos no campo da escrita." (Gabriel Kolyniak).