O novo livro de Ronaldo Costa Fernandes vem confirmar sua trajetória como um dos poetas mais importantes do Brasil na atualidade. A passagem do tempo, a vida e a morte, o inventário do que fica e do que se perde - é sempre com uma sensibilidade aguda, e com o raro talento para equilibrar versos entre a densidade e a leveza que os poemas de Memória dos porcos se desvelam. Remexe dentro da língua e da linguagem, traz novos significados para esse marasmo sem chuva, leva o leitor para dentro de um corpo que somente a poesia promete: coração dilacerado pelo que poderia ser mas não é, pelo rito do nascimento-e-morte, pela sede de saber que o tempo está passando e vivemos tão pouco, tão mesquinhamente, tão perto do afeto de sermos sós e tão pouco. O leitor agradece que Ronaldo cometa o "delito da poesia".