A memória é quase sempre um exercício sutil de escolha. São as recordações e os esquecimentos que carregamos através da vida que imprimem personalidade, caráter e amor próprio à experiência humana. É assim na vida de cada um de nós e também na trajetória das instituições. O trabalho do historiador Carlos Fico sobre o percurso do Ibase é, antes de mais nada, um delicado trabalho de reconstrução da memória, realizado com a competência de quem domina as sutilezas do ofício. Obra coletiva e aberta, o Ibase é também uma parte importante na vida de seus diretores, pesquisadores e funcionários. O Ibase faz parte de uma geração que entrou na política nos anos 70, à procura de novos espaços para a ação política. Éramos todos jovens e apaixonados quando aceitamos o convite de Betinho, Carlos Afonso e Marcos Arruda para participar da experiência Ibase, que tanto nos surpreendia pela novidade e ousadia: participar da "invenção" da sociedade civil no Brasil.