O problema da contemporaneidade mobiliza, a um só tempo, fascínio e cautela. Qualquer fenômeno, artístico ou cultural, da esfera social ou científica, que reclama reflexão sobre a realidade corrente, vem tocar diretamente a experiência imediata, em sua urgência e parcialidade. Por isso, um fenômeno contemporâneo é sempre vivo e mutante, lacunar e incerto. É um objeto em movimento, em transformação. Uma certeza de hoje pode gerar uma dúvida de amanhã. Mas vem sempre ao encontro de uma ingerência cotidiana, das vivências de todo dia. A literatura, prática antiga no âmbito das artes, não fica impassível aos meandros das novidades, desde as tecnológicas até as que renovam os costumes. Em atenção a isso, as leituras empreendidas neste livro, por diferentes pesquisadores da Literatura Portuguesa Contemporânea, demonstram consciência do terreno escorregadio que percorrem e arriscam-se em interpretações ajustadas ao que há de mais atual nos estudos literários, nos debates dos processos [...]