Escrevo esta orelha para que outras ouçam as palavras da Talissa Ancona Lopez, que batem à porta do ouvido, desesperadas por entrar. Recordam-nos que o desejo não espera, pois onde crepita, feito reticências fúlgidas bom, evidente que o desejo ele, as perguntas brotam e a eternidade se desdobra. Mediante uma poética do contrapé delicadamente gozadora, essa ânsia traz na esteira do seu tremor uma contraposição: é meio pé de equilibrista que rodopia em meio-fio de verso boiado, antes de dar meia volta, por meio querer. A palavra tombada da ponta da língua desdiz ao mesmo tempo que arrisca, e a prontidão da escrita, empenhada em costurar lembranças semiditas, palimpsestos ruidosos e cantadas suspiradas, desemboca numa airosidade buliçosa e aérea. Em um primeiro espasmo do livro, o poema Dictionnaire du corps traz à luz a espessura altamente carnal do caldeirão onde ferve a escrita. A dobra mais sensível do origami se entreabre, ofegante, em Carona na capital: por baixo das (...)