Este livro estuda a descrição do mobiliário e dos objetos que compunham a casa campineira e convida o leitor para entrar em casas alheias e imaginar de forma detalhada, os hábitos e costumes de gerações passadas. Se hoje, mesmo as casas mais simples possuem objetos e utensílios fundamentais para atividades domésticas, no século XIX a posse destes bens sinalizava a posição social e o prestígio que seus detentores tinham dentro da rede social na qual circulavam. A historiadora Eliane Morelli Abrahão restaura a significação histórica dessas práticas e os fenômenos sociais naquela época.Com grande perspicácia de observação diante dos inventários, a autora nos faz refletir sobre as permanências e transformações do cotidiano familiar, como as influências recebidas da Europa e as adequações realizadas pelas famílias tradicionais. Livros de receitas e manuais de etiqueta, acompanhados da descrição do número de utensílios e outras informações coletadas, permitem inferir quais eram as famílias que mais recebiam formalmente, o tipo de serviço que ofereciam em suas recepções e as redes sociais que se compunham durante esse período. Além disso, as questões sobre o papel da mulher, o início da urbanização, a circulação de riquezas, a preocupação com o refinamento das casas e recepções, as perpetuações de um ambiente mais senhorial do que burguês também são temas que tangenciam este estudo.