a dedicatória já diz a que veio uma mulher só não faz verão: às mulheres sós. o livro de estreia de daniela rezende é um convite em si a um enlace, que é também um mergulho na solidão em comum. risco, belisco, bravura. mulher que ladra não morde? em boca fechada não entra mulher? os poemas vão chegando assim, revolvendo os ditos, abalando os chãos, estampando alto a mulher é um animal gigante. sem se eximir de lembrar do abate: (haverá um mugido possível?). a costura dos versos segreda que estamos lá. é uma obra que convida a estar no movimento das margens, das linhas arredias, das minúcias das minúsculas, dos vãos entre um gole e outro da língua de tantos gumes e laços. língua gloriosa laçada e levada. de dentro da solidão, dos escuros, questionar a luz com a lucidez combativa de que noite e sombras/não protegem ninguém. protesta, revolta, inquieta, esse livro comunga. medos, histórias, sintomas. de geração em geração. o grito em erupção na minha boca ecoa na mesma garganta que (...)