Corpo portátil, livro de livros do poeta mineiro Fernando Fábio Fiorese Furtado, demarca quanto a arte da poesia contemporânea é fundação das coisas, pesquisa do solo, afundamento das raízes, mistério da memória e recriação do destino. Assim, granítica, lavrada na Zona da Mata do coração, esta poesia se destaca, com sotaque peculiar, numa geração de grandes poetas de Minas e do Brasil, como Iacyr Anderson Freitas, Edmilson de Almeida Pereira e Júlio Polidoro. E já pode ser vista com abrangência e horizonte partilhado, em luz forte e, às vezes, inoportuna, criando seus portáteis esconderijos da memória. Há todo um caminho de cultura nessa poesia, da erudição de corpos e ossos, mas também de severa matemática do verso. Carlos Nejar