Os autores que assinam este livro fazem parte de um grupo que há mais de vinte anos – sob variadas formas – vêm falando e escrevendo contra a prática universitária que adota o procedimento reprodutivo como modus operandi, reduzindo o professor em formação e aquele que já está no exercício da docência à condição de porta-voz de conhecimentos produzidos por terceiros. São vários os enfoques utilizados pelos autores para demonstrar como o processo de formação inicial, em diferentes cursos de graduação em Letras, leva à constituição de um sujeito pouco autônomo com relação à produção de um conhecimento próprio acerca do ensino da linguagem. O leitor encontrará, em todos os textos, de forma explícita ou implícita, a defesa de que é necessário questionar a universidade como lugar que forma o professor de língua portuguesa e também como produtora de discursos sobre essa formação. O eixo central das discussões é, portanto, a constituição do professor como sujeito de conhecimento, pois a formação que lhe permite assumir tal posição, certamente, precisa dar-se sob-bases que se compõem, de um lado, por amplo referencial teórico e metodológico, de modo a dar-lhe a possibilidade de escolher dentre as várias opções que são oferecidas durante o curso e, de outro lado, de experiência investigativa, que o prepare para assumir o conhecimento específico por critérios que venham culminar na sustentação de um discurso no qual possa reconhecer os próprios anseios profissionais e interesses de reflexão.