Os provérbios, por seu estatuto de discurso preestabelecido, parecem contrariar a concepção de Benveniste segundo a qual a enunciação resulta da atividade do sujeito. Mas os conceitos de estereotipação, interdiscursividade e passividade do sujeito aplicados ao estudo do uso dos provérbios no discurso esbarram na questão da referência: os provérbios constituem frases de conotação autonímica e caracterizam-se por uma vantajosa dubiedade referencial, que permite o dizer sem dizer, prestando-se à atividade argumentativa do sujeito, que os usa em proveito de seus objetivos ilocutórios.