O que se faz ao longo dos dezoito capítulos deste romance de Eça é a dissecação da sociedade portuguesa de sua época, que ele se esmera em expor para apontar os males e a degeneração. Veem-se assim, no grande quadro social anatomizado pelo realismo de Eça de Queirós: o clero e a sua influência danosa ao pensamento e modo de vida portugueses; as moléstias sociais das média e alta burguesias lisboetas, com seus inúmeros e desastrosos casos de adultério; os ambientes literários e políticos, sua corrupção e tacanhice intelectual. Se é fato que a ironia é um dos grandes trunfos para a grandeza da escrita queirosiana, em Os Maias ela serve como potencializadora da tarefa trágica e também tão irônica do Destino.