Quais as especificidades das estratégias adotadas por Nietzsche ao empreender sua crítica à tradição de pensamento ocidental? Por que eleger o socratismo e o platonismo como alvos privilegiados de seus ataques? Qual o sentido de se realizar na contemporaneidade um desmonte das bases do pensamento metafísico? Por quais transformações a crítica nietzschiana passaria ao longo da obra? Qual a contrapartida afirmativa e criadora de um gesto tão negativo e demolidor? Que tipos de relações poderiam ser estabelecidas entre a filosofia e a arte? Em A invenção da metafísica a partir da arte: perspectivas nietzschianas, Adriany aponta para possíveis respostas a essas e a tantas outras questões que surgem da leitura dos textos de um dos autores que talvez mais tenha deixado contribuições para o pensamento contemporâneo. A pretexto de se investigar o funcionamento da crítica de Nietzsche à metafísica, o que acaba por ser ressaltado é um dos aspectos de sua filosofia que talvez permaneça como dos mais contundentes: as peculiaridades e a importância das alianças que Nietzsche cria com a arte ao longo de toda a obra. São justamente tais alianças que lhe permitem – de maneira por vezes menos, por vezes mais radical – tomar significativa distância em relação às valorações tradicionais e promover um inaudito deslocamento do modo pelo qual convencionalmente se tratam as questões relativas à “verdade” e à “mentira”. Deslocamento que interessa sobretudo hoje, quando somos frequentemente tentados a ceder a relativismos estéreis diante da ameaça de dogmatismos, ou vice-versa, já que as duas tendências podem se confundir. Inicialmente a relação entre filosofia e arte é abordada a partir do primeiro livro publicado por Nietzsche, O nascimento da tragédia. O foco incide sobre a tensão entre as perspectivas trágica e racionalista no ambiente da cultura grega, quando a filosofia metafisica teria ganhado voz através da figura de Sócrates. Para além da constatação das limitações que aí tem a ab