Li uma vez que a crônica brasileira é uma maneira leve de tratar sobre vários assuntos e que deve ter uma cara própria e o pé na rua. É ali, na rua, sentados no banco da praça, dentro de um ônibus, ou mesmo dentro de um café, que desfilam os personagens de Teatro do Cotidiano, da manezinha Rosane Cordeiro. A autora deixa transparecer no semblante das personagens suas alegrias, angústias, amores e dores. Para uma cronista como ela, cenas como essas são um prato cheio. Sempre alerta, ela escreve o que vai na vida de cada passante, seu jeito, trejeitos. E é aí que entra a criatividade de Rosane, que deixa a imaginação falar mais alto e, como que desfazendo a ideia de leveza, sacode o leitor de sua letargia com a crueza do real, não o poupando de receber seguidos golpes no estômago a cada página virada.