Giorgio Agamben traz à luz o vínculo oculto que sempre ligou a vida nua, a vida natural não politizada, ao poder soberano. Uma obscura figura do direito romano arcaico será a chave que permitirá uma releitura crítica de toda nossa tradição política: o homo sacer, um ser humano que podia ser morto por qualquer um impunemente, mas que não devia ser sacrificado segundo as normas prescritas pelo rito. O tema vincula-se com a época atual, uma vez que o corpo biológico do cidadão veio a ocupar uma posição central nos cálculos e estratégias do poder estatal. A política tornou-se biopolítica, e o campo de concentração surge como o verdadeiro paradigma político da modernidade.