A física de hoje, longe de estar unificada, surge fragmentada e profundamente diversificada; o êxito das actuais tentativas de unificação não está garantido. Dever-se-á, por isso, renunciar à procura de uma unidade subjacente aos fenómenos? Seria renunciar à própria física. Pela via das suas construções sistemáticas, a razão científica chama a unidade e espera por ela. Gosta-ria de se cristalizar em sistema. Contudo, paradoxalmente, a unificação não leva à unidade. Estabelece um tecido que nunca está completamente tecido. Estas etapas provisórias são a própria massa da ciência e o seu combustível principal. Nunca deixam de oferecer razões novas e perpétuas para continuar, compreensões melhores, teorias novas, formulações novas.ÉTIENNE KLEIN, físico da Direcção das Ciências da Matéria, do Comissariado para a Energia Atómica (CEA), é responsável pelos cursos de Física Quântica e de Física das Partículas na École Centrale de Paris; ensina, também, Filosofia das Ciências. De sua autoria o Instituto Piaget já publicou Diálogos com a Esfinge, Sob o Átomo as Partículas e O Tempo. MARC LACHIÈZE-REY é astrofísico e co-autor da obra A Física e o Infinito publicada pelo Instituto Piaget.