O que poderia acontecer se numa imaginária mesa redonda que se propusesse a analisar a sexualidade e a condição humanas estivesse juntos biólogos, antropólogos e psicanalistas? Possivelmente muitas discussões, muita controvérsia, mas, inegavelmente, muito mais coisas interessantes do que sonha nossa vã filosofia. Neste livro o autor, médico e psicanalista, estudioso apaixonado pelas correlações entre natureza, cultura e aparelho psíquico, procura mostrar que o diálogo entre biólogos, psicanalistas e antropólogos na discussão da condição e a sexualidade humanas é, não apenas possível, mas extremamente prazeroso, agradável e mesmo lúdico. Passeando pelas obras de Darwin, Freud, de vários antropólogos e até pela poesia de Ovídio, o autor mostra a singularidade da sexualidade humana, mas também o seu inegável enraizamento na realidade animal. Somos seres com excelente capacidade para a cultura e criamos admiráveis produtos culturais, mas, quando menos esperamos, salta de dentro de nós o fantástico animal que nunca deixamos de ser. Este livro mostra, de forma muito interessante, que assim como os demais animais, demarcamos nosso território, competimos pelos parceiros sexuais, exibimos nossos dotes físicos, econômicos e intelectuais para impressionarmos, sobretudo os indivíduos do sexo oposto. Tudo fazemos para garantir sucesso de nossa sobrevivência e nossa reprodução. Junto com a reflexão sobre o nosso lado animal, o autor mostra também o que é ser gente grande, o que é ser humano. Revela o lado sublime deste ser que, vindo da poeira das estrelas, filho e irmão das espécies que o procedem na filogênese, compõe poemas, sinfonias e revela Pietás escondidas no mármore bruto. Ao final, fica nítida a impressão que as leituras biológica, psicanalítica e antropológica do ser humano não são antagônicas, contraditórias, mas sim congruentes, superponíveis e mutuamente esclarecedoras.