Este livro objetiva explicitar as relações pessoais e sociais que determinam à problemática dos corpos denominados deficientes, tomando como categoria de análise, o desenrolar cronológico da História Escrita, no confronto com o limiar do século XX, por intermédio da História Oral. É neste momento que se torna possível constatar um novo rumo ao entendimento do ser humano, considerado como deficiente, na perspectiva que supera o estigma da deficiência e reconceitualiza a eficiência. Assim, pensar o corpo deficiente não apenas como uma máquina que possui defeitos claramente aparentes, ou dificuldades na harmonização de sua estrutura interna, isto é, de sua funcionalidade, é um dos pressupostos que acompanha a autora durante toda a trajetória desse estudo, na busca de uma nova forma de interpretar o corpo deficiente e o fenômeno da corporeidade. Para além do corpo deficiente, o livro reúne histórias de vida, que são apresentadas a partir da existencialidade desses corpos como retratos de corporeidade viva. Enfim, a obra denuncia que a pior deficiência é a alienação, o silêncio, que leva os membros de uma sociedade que têm olhos, ouvidos, cérebro em perfeitas condições, enfim corpos biologicamente perfeitos, a não verem, a não ouvirem, a não entenderem e nem pensarem nas necessidades destes seres humanos. Estes, que nasceram ou se tornaram diferentes em sua estrutura corporal, são igualmente capazes e gritam por liberdade moral e social. Eles querem mostrar-se, realizar todas as atividades possíveis e imagináveis, querem amar e serem amados, enfim... querem viver!