Se o pensar arendtiano sempre suscitou divergências e debates, muitas vezes acalorados, sua obra mais contundente a este respeito é justamente Eichmann em Jerusalém, um relato sobre a banalidade do mal, que neste ano de 2013 cumpre seu quinquagésimo aniversário de publicação. Originado de um colóquio internacional, o presente volume Eichmann em Jerusalém: 50 anos depois, publicado pela editora da UFPR, reúne contribuições de intelectuais que são autoridades em diferentes áreas de conhecimento das humanidades, como o direito, a história, a sociologia e a crítica da cultura, e cujos ensaios abordam a riqueza multifacetada da reflexão arendtiana sobre o julgamento e condenação de Adolf Eichmann, o burocrata responsável pela gestão meticulosa do transporte de milhões de judeus, dentre outros povos, para as chamadas fábricas da morte. Se este não foi o livro que a projetou internacionalmente, posto que no começo dos anos 60 Hannah Arendt já era uma intelectual de renome, foi certamente aquele que mais repercutiu na opinião pública internacional, excedendo em muito o interesse do universo estritamente acadêmico. Cinquenta anos depois, seu livro continua a suscitar ácidas discussões, que ainda parecem longe de se encerrar: proliferam ensaios, artigos, livros e filmes que se referem, de maneira positiva ou negativa, à noção de banalidade do mal, ao retrato de Eichmann traçado pela pena arendtiana como um ser humano incapaz de pensar e julgar sua conduta, bem como a assuntos relacionados ao direito internacional e à historiografia do Holocausto.