Mover-se em direção ao poema é atrever-se ao conjecturar de imagens, sons, semioses e universos através da palavra. Os poemas em Estilhaços instauram as tensões e os diálogos de quem não se move neste mundo completamente absorto. Allan nos revela seu olhar atento sobre o caos das estruturas sociais, as relações humanas, o amor, a religião e o fazer artístico. A poética interrogativa em Estilhaços é elemento estruturador do exercício poético imprescindível ao fazer artístico, à literatura, à vida. Há que se fazer sentir, há que se buscar mover no outro aquilo que nos deslumbra, desperta, bestifica, revolta, faz ressentir, ecoar. A escrita de Allan vem inundada por Brasis, por dores antigas, amarguras, esperanças e, sobretudo, pela sutileza de quem consegue capturar um instante cotidiano e emoldurá-lo no poema antes que o objeto esmaeça no transcorrer farfalhante dos dias. Estilhaços é uma obra perpassada também pelas veredas travadas no verso, sem a pretensão de bordar rima (...)