Em O Nono Mês, Giselda Leirner oferece ao leitor da coleção Paralelos um conjunto de histórias independentes que, no entanto, se entrelaçam numa narrativa em que a aguda percepção da vida das criaturas, dos problemas do dia-a-dia familiar, e a sensível captação dos seus encontros e desencontros compõem na unidade ficcional a imagem das perplexidades despertas e das perguntas que sobrepairam suas existências. Com mestria e densidade de quem sabe registrar e distinguir os olhares que significam e os silêncios que falam, a narradora coloca em primeiro plano o ponto de confluência dessas trajetórias vivas, uma figura de aparente ausência, mas responsável por materializar o encontro: a mãe. Na experiência desses fragmentos de realidade, vividos intensamente pelas personagens do romance, a narradora urde uma trama intencionalmente descontínua, que se completa, afinal, pelo fio da própria escritura.