Quase não dá para acreditar, mas todos nós fomos, há tempos, uma criança vendo pela primeira vez uma coisa no céu que alguém apontou e disse lua, uma coisa num galho que alguém apontou e disse flor, uma coisa que voava e alguém chamou borboleta, e aquilo se gravou no nosso aparelho hipersensível e assim fomos descobrindo, vertiginosamente, que o mundo grande do lado de fora, por mais que estivesse cheio de coisas, cada qual com sua textura, peso, luminosidade, forma, e modo de reagir ao nosso toque, cabia inteirinho, e para sempre, do lado de dentro da gente. Que há um infinito lá fora e um infinito cá dentro. Que não só vivemos no mundo e vemos o mundo, nós pensamos o mundo, e experimentamos com o mundo. Quase não dá para acreditar, mas aconteceu. O que Christina Autran nos oferece com este livro, em que acompanha, estuda, e principalmente se maravilha com a existência de sua neta Matilda, é a oportunidade e o prazer de observar, pela lente do poema, pela lente do amor, os (...)