Menina da classe média de Budapeste, Hungria, Hannah Senesh pertencia a uma família intelectualizada (o pai era jornalista e dramaturgo) de judeus cientes de suas origens, mas indiferentes à causa da construção do Estado de Israel. Já na adolescência, porém, Hannah engaja-se no movimento sionista e, em 1939, aos dezoito anos, acaba por emigrar para o então Mandato Britânico da Palestina, território herdeiro do antigo Israel bíblico, onde ela estuda numa escola agrícola e trabalha em kibutz. Com o início da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a jovem alista-se no Exército inglês, pelo qual é treinada como paraquedista, junto com outras 36 pessoas, a fim de salvar judeus húngaros da deportação para Auschwitz. Em março de 1944, ela e dois colegas, Yoel Palgi e Peretz Goldstein, saltam sobre a Iugoslávia e se juntam a um grupo de partisans. Ao aterrissarem, descobrem que os alemães haviam ocupado a Hungria. Os homens que a acompanham decidem cancelar a missão. Hannah, porém, continua, chegando até à fronteira húngara. Lá, é presa por policiais húngaros, que encontram o transmissor do Exército britânico, usado por ela para se comunicar com os partisans e o Special Operations Executive (SOE) inglês. Enviada para a prisão, é despida, amarrada a uma cadeira e, em seguida, chicoteada e espancada por três dias. Os guardas queriam saber o código de seu transmissor para encontrar outros paraquedistas. No entanto, Hannah nega-se a fornecer a informação, mesmo quando trazem sua mãe à cela e ameaçam torturá-la também. Acusada de traição, foi julgada e condenada à morte por fuzilamento, que aconteceu no dia 7 de novembro de 1944, aos 23 anos. Até essa data, como fazia desde a adolescência, manteve o hábito de escrever um diário. São exatamente os diários que acumulou ao longo da vida, e mais poemas e cartas, que o selo TORDESILHAS disponibiliza ao público brasileiro, em primeira edição comercial no Brasil. Em tradução do hebraico, inglês e espanhol, com acesso privilegiado às fontes, a tradutora Frida Milgrom reuniu também fotos do álbum pessoal da heroína, além do depoimento da mãe de Hannah, Katarina Senesh. O posfácio é de Ignácio de Loyola Brandão. O livro permite conhecer as lembranças de infância e juventude, os relatos da guerra, as opiniões pessoais e políticas, a sensibilidade e os referenciais dessa jovem que viveu intensamente um dos períodos mais densos e terríveis da história da humanidade.