Falar em polícia no Brasil é extremamente delicado, ainda mais quando o assunto se volta à polícia ostensiva. Na terra do jeitinho para cumprir a lei, os desafios dos agentes encarregados de aplicá-la constituem uma equação que só se realiza adequadamente quando se molda à conveniência de todos os interessados o que quase nunca é possível. [...] Quando a discussão é sobre tropa de choque, a situação é ainda pior, pois o tema vira tabu mesmo nas discussões acadêmicas. Embora de conceituação fugidia, há uma noção estabelecida em âmbito nacional de quais atividades se relacionam com a tropa de choque. [...] Para parte da sociedade e considerável parcela do mundo acadêmico, tropa de choque é a corporificação do arbitrário e do abusivo. Para outros, aí incluído um número relevante de militares, a mitificação do tema negligencia um olhar mais criterioso para pontos nevrálgicos. Nem uma nem outra abordagem são satisfatórias, pecam pelos excessos, para um lado ou para outro. Apesar disso tudo, cada vez mais são criados batalhões de choque nos estados. Assim, aspectos técnicos de atividades como reintegrações de posse, manifestações públicas e eventos com grande aglomeração de pessoas são desconhecidos até mesmo dos próprios policiais e somente muito recentemente têm sido objeto de estudos no Brasil.