A zoofilia e a atrocidade ligadas à biografia na banda hispânica nos remetem a Borges e à sua História Universal da Infâmia, com personagens excessivos, afetados, com o demo no ombro. O excelente "O homem que se perdeu" passa pela oralidade de um Brasil profundo, orientado por um sertão literário expandido por Rosa, onde Wilson atravessa pactos fáusticos, engrandece, expande a leitura deste zoológico que não tem limites dentro de uma literatura nacional; aqui a zoofilia é uma paixão e as paixões movem, são uma questão de devir (a zoofilia em Quiroga, em Kafka, em Greenaway). Como em todas as coisas, ninguém sabe do que é capaz um corpo. A zoofilia pode oscilar entre aquele que escuta harmonias no canto dos pássaros e o bruto livre que mata e que massacra (uma besta qualquer). [...] Sabemos que a voz da besta pode ser o grito, a lágrima, o grunhido. Sabemos que incendiar uma casa pode servir para ver, que o câncer tem sua retórica que termina sempre no silêncio, que a vida é insuficiente e que a literatura também é.