Segundo dados da FAO, a humanidade chega a um bilhão de subnutridos. O dado estarrecedor é também uma forte evidência de que a Revolução Verde falhou. Surgida há mais de quarenta anos, ela foi incapaz de cumprir sua promessa de acabar com a fome no mundo. Além disso, o somatório dos seus efeitos indesejáveis são hoje um dos principais vetores da crise ambiental em escala mundial. Como estabelecer uma relação complementar entre a necessidade de aumentar a produção agrícola promovendo sistemas produtivos mais sustentáveis que não sejam baseados apenas no aumento da escala de produção? A transição ou ruptura agroecológica vai além dos sistemas de produção stricto sensu, realizando incursão no ambiente institucional e nos circuitos de mercado nele inseridos. Um elemento importante para esta transição diz respeito ao entendimento e à possível transformação dos distintos tipos de racionalidade econômica que subjazem à lógica de ação dos atores relacionados direta ou indiretamente com o rural. Os textos reunidos nesta publicação expressam a diversidade das abordagens para a superação de duas crises bastante entrelaçadas: a agrária e a socioambiental. Pode-se dizer que uma parte significativa do debate e das preocupações em torno dos grandes temas desenvolvimento (rural) e sustentabilidade ambiental está contida nas contribuições dos autores. O fio condutor que os une é a premência na construção de alternativas ou respostas à crise socioambiental passa pela mobilização de esforços teóricos e práticos. A Agroecologia, como ciência e como um programa político, se apresenta como um caminho a ser seguido. Ela sinaliza uma reorganização radical nos sistemas sociais de produção e de consumo capaz de superar as conseqüências da modernização que afetam a reprodução da vida no planeta. Possivelmente, esta foi a mensagem comum dos diferentes autores e enfoques reunidos neste livro.